China in Monday
por Ismar Soares

Segunda-feira, saí da agência e antes de ir pra casa fui ao supermercado. Ainda estou me acostumando com a nova vida de casado e quase pai-de-família. Antigamente eu teria me concentrado nas bebidas, salgadinhos e tudo que fosse fácil de fazer, mas ultimamente tenho comprado bastante verdura, legumes, leite, suco e outras coisas mais saudáveis. Saí do mercado feliz por finalmente estar tendo uma alimentação menos trash, mas triste por estar tendo uma alimentação menos trash. Mais um paradoxo da vida. Enfim, cheguei em casa, subi as escadas com as compras, desviei de alguns pulos dos meus dois cachorros e fui recebido na porta da sala pela minha namorada. Mesmo grávida e cansada do trabalho, ela ainda me deu uma ajuda pra guardar tudo o que eu havia comprado.

A dispensa estava cheia, mas as barrigas estavam vazias. E ninguém estava com vontade de cozinhar. Sugeri pedirmos comida e ela já me olhou e disse veemente: ‘McDonald’s, não!’ Ficamos na dúvida entre America e Almanara, até que nosso bolso decidiu pedir China in Box. Era 21:05h quando liguei, e como na última vez que pedimos China in Box houve um pequeno problema de comunicação entre minha mulher e a atendente, pedi algumas explicações sobre os boxes júnior, padrão e executivo. Tudo esclarecido, comecei a fazer o pedido:

– Eu quero um box júnior, meio Yakimeshi e meio carne com legumes.
– Sim, senhor.
– O senhor está no céu.
– (risada). Desculpe, senhor. Algo mais?
– Tá, pode me chamar de senhor mesmo. E quero mais um box junior de frango empanado.

O pedido saiu por R$ 32,00. Não lembro quanto tempo a menina disse que demoraria para o motoboy chegar, talvez por ainda estar com o “sim, senhor” na cabeça. Como eu disse, ainda estou me acostumando. Meia hora depois, tocou a campainha de casa. Quando abri a porta pra pegar a comida, lembrei que havia esquecido de pedir a nota. Perguntei ao motoboy e ele me disse que ela estava dentro da sacola. Entrei em casa, abri a sacola e nada da nota. Sem nem precisar pedir, minha mulher pegou o telefone e ligou reclamando. Disseram que mandariam a nota em seguida – algo me diz que o motoboy era palmeirense e agiu de má fé comigo por eu estar vestindo uma camisa do Corinthians.

De repente, ouvi um barulho. Era o meu estômago, implorando um frango empanado. Comecei a abrir as embalagens e nesse momento senti saudades do America, ou melhor, das sacolas e embalagens do America, que passam uma impressão bem melhor de higiene. Mas logo resolvi o problema tirando a comida dos boxes e colocando nuns potes que temos em casa. E vi que a comida chinesa, por si só, não passa uma impressão ruim e que talvez o problema seja mesmo como elas chegam. Por fim, a comida estava muito boa, quente e sem nenhum problema. E a nota chegou logo após o término do jantar. Mas confesso que o “sim, senhor” ainda ficou na minha cabeça por mais um tempinho.